Santos dos Últimos Dias - Cuidado com o falso deus da "história" - Hyrum Lewis

Santos dos Últimos Dias - Cuidado com o falso deus da "história"
Artigo por Hyrum Lewis, originalmente publicado no site Deseret News, e traduzida por Hilton K. de Carvalho.





"Se o homem deixar de acreditar em Deus, ele começará a acreditar em qualquer coisa". — atribuído a G.K. Chesterton.


A tradição judeu-cristã tem muitas proibições contra a idolatria, mas poucas contra o ateísmo. Talvez os primeiros teólogos entendessem que os humanos são homo religiosus — seres religiosos por natureza que sempre buscarão um objeto de adoração. Josué não disse: "Escolhei hoje se vais servir", mas, "Escolhei hoje a quem sirvais". De acordo com o romancista Fyodor Dostoyevsky, "Se um homem rejeitar Deus, ele terá que adorar um ídolo de Madeira, ouro ou ideias." Como todos nós precisamos de sentido e propósito maior em nossas vidas, não há como sair do culto, há apenas a escolha do que adorar (algo que os biólogos evolutivos agora estão reconhecendo).

Em nossa sociedade atual, a adoração do Deus judaico-cristão está sendo substituída pelo culto de um "Deus da História", a divindade da "Religião do Progresso". Essa religião permeia nossa cultura, molda em grande parte o discurso público e tem um Grande impacto no pensamento popular. Esse credo pode ser resumido em três pontos:

  1. A história está se desenrolando em uma direção predeterminada;
  2. O esclarecido sabe qual é essa direção;
  3. Essa direção é boa;

No passado, a Religião do Progresso estava incorporada em movimentos e teorias como o marxismo, o fascismo e o hegelianismo; hoje está bem vivo e em ambos os lados do nosso espectro político. A "esquerda" presta uma homenagem aberta ao Deus da História com o rótulo "progressista", enquanto muitos da "direita" acreditam que a história inevitavelmente aponta para a paz e a prosperidade sob o livre mercado ou para a democracia universal através da intervenção militar norte americana. Na Religião do Progresso, a História é uma força omnipotente e omnipresente que atua em todas as coisas, e traz a eventual salvação para a sociedade. O "arco da história", nos foi dito muitas vezes, "se inclina para a justiça".

Mas ao contrário de outras divindades, o Deus da História faz poucas demandas; apenas certifique-se de que você está "no lado certo da história". Os indivíduos não podem mudar as ações do Deus da História, eles só podem alinhar-se com sua vontade, provando-se assim estar entre os eleitos.

Para a maioria das versões da Religião do Progresso, outro sinal de virtude é a impotência. Esta visão substitui a falsa máxima imperialista do século XIX — "as coisas se resolvem pela força" — com a máxima oposta, mas igualmente incorreta — "as coisas não se resolvem pela força". Pessoas que pertencem a grupos historicamente poderosos ou favorecidos — homens, brancos, ricos, norte americanos — são muitas vezes vistos como inerentemente maus em virtude de sua perceptível posição de privilégio, enquanto qualquer pessoa que pertença a um grupo historicamente desfavorecido — mulheres, minorias raciais, pobres, população de países subdesenvolvidos — são justas em virtude de sua perceptível falta de poder. Nascer em "privilégio" é o equivalente na Religião do Progresso ao pecado original.

Aqueles dispostos a abordar racionalmente a questão do poder ao invés de perceber dogmaticamente que pertencer a um grupo não confere em si uma posição moral a alguém — há pessoas boas e más em todos os grupos — mas o Deus da História nega o arbítrio. As pessoas são salvas através da identificação com um grupo oprimido ou através da identificação com a Religião do Progresso — estar no lado correto da história.

Como a maioria dos crentes religiosos, os adoradores da história não chegam às suas crenças através de uma investigação racional, mas através de um compromisso de fé. As doutrinas da Religião do Progresso são finais, absolutas e fechadas para novas discussões. Assim como os cristãos não questionam a vontade de Cristo, os adoradores da história não questionam a vontade da história. Uma vez que aqueles que discordam de qualquer desses dogmas estão claramente "do lado errado da história", eles não devem se engajar e debater, mas ser marginalizados e silenciados.

Uma vez que os jovens adultos são particularmente dados ao zelo religioso, é compreensível que os adoradores da história mais fanáticos sejam encontrados em campi universitários. Os sumos sacerdotes da Religião do Progresso (os professores) se convertem e instruem seus aprendizes (estudantes) em seminários (salas de aula) e depois os soltam para impedir que alguém polua a igreja (universidade) com blasfêmia (ideias dissidentes). Você não pode debater de Deus (história), você só pode desligar aqueles que se opõem à sua vontade.

Assim como Charles Murray, Heather Macdonald, Christina Hoff Sommers, Bret Weinstein e outros que se afastaram da Religião do Progresso estes são hereges a serem expulsos do templo — por violência, se necessário. O mesmo zelo religioso que levou os puritanos a perseguir inocentes como bruxas em 1690 em Salem, está levando estudantes a perseguirem inocentes como hereges hoje. O problema com as faculdades não é — como se costuma acreditar — que elas se tornaram secularizadas; O problema é que elas se tornaram templos de uma nova religião.

O culto à história é atraente e cresce por dois motivos principais: permissividade e popularidade. Por uma questão de doutrina, a Religião do Progresso nega o arbítrio humano e, portanto, absolve as pessoas de responsabilidade por suas ações. Uma vez que a virtude vem do "lado certo da história", e não do arrependimento, os adeptos da Religião do Progresso podem livremente entrar em abuso de substâncias, promiscuidade sexual e hedonismo geral. Qualquer um que condena esse comportamento é claramente um oponente da Religião do Progresso e, portanto, pode ser classificado como "intolerante", "fanático", "reacionário", "racista", "sexista", "fascista", "imperialista", etc. Isso dá aos adoradores da história um senso de superioridade moral para acompanhar o seu hedonismo.

A Religião do Progresso não é apenas falsa, mas também perigosa. O grande baluarte da liberdade religiosa nos Estados Unidos tem sido o pluralismo, mas a adoração da história está se aproximando do status dominante e nós percebemos cada vez mais que se impõe à sociedade. As pessoas que se atrevem a "desafiar a história" (por exemplo, oposição ao casamento entre pessoas do mesmo sexo) foram assediadas, ameaçadas, perseguidas e despedidas de empregos. A vontade de Deus deve ser aplicada, eles acreditam, e uma vez que a maioria concorda, a liberdade religiosa estará sujeita a caprichos da maioria.

Como não se reconhece como uma fé, a adoração da história representa perigos que outras religiões não fazem. Os adoradores da história, vendo-se como a vanguarda iluminada para um mundo melhor, em vez dos fanáticos religiosos que são, se sentem justificados em oprimir e silenciar aqueles que discordam. Enquanto outras religiões estão sujeitas a restrições legais, como a separação da igreja e do estado que (corretamente) lhes recusa o financiamento público, somos todos obrigados a subsidiar a Religião do Progresso através da tributação (por exemplo, financiamento público de universidades, mídia e arte).

Porque a Religião do Progresso combina a autoridade da razão, com o zelo e o dogmatismo da fé, todos devemos estar preocupados com o seu crescimento. O culto à história ameaça tornar nossa sociedade menos racional, mais politizada e, em última análise, menos livre.


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